domingo, 29 de novembro de 2009

Caso de amor


 
Ela ficou louca - dizem - de tanto falar com as nuvens. 
Andava por aí, vendo o mundo de cabeça pra baixo,  
pondo reparo  em tudo, des-consertando as coisas. 
Vivia cismada, olhando a ponta 
do horizonte.
Insistindo em ver o mundo 
de outro jeito.

 As noites... ela queria encurtar,  só pra ter manhãs de sol infinitas.  
Navegava, certas tardes, no brilho do verde do mar.  Inundava o caminho  de imagens estranhas, esquisitas. 
Se alimentava de  desejo de encontros. E na luz das  claras manhãs, colhia  borboletas  que brotavam  nos ramos. 

As flores em suas mãos, trocavam de cores quando queriam voar. 
E no ar, ela desenhava passos de dança, vozes do vento,  
o som  das folhas quando caiam. 
E sabia de cor, todos os tons do entardecer.
Certo mês,  caminhou os dias todos sobre um fio transparente, segurando uma sombrinha invisível.
Aprendera  a andar sobre a emoção.

E quando a água descia pelos beirais, sua figura irreal deslizava sonhos na ponta dos pés. 
Um dia, o luar enamorou-se dela e foram juntos morar.


quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Vestígios


Foto da web (autoe desconhecido)

O meu texto é curto
cortina de palavras
de transparência suave

Nuanças e matizes
que se estendem
profundas no infinito

Parede caiada com pregas
dobra de muro
reentrâncias
tudo que a hera esconde

O meu texto é só pretexto
pra alma poder respirar


domingo, 22 de novembro de 2009

Canção de encontrar o amigo



Marcos Quinan
O  amigo Quinan,  escreve poemas e canções.
É artista plástico, e tenta segurar dentro do peito, uma sensibilidade que ali não cabe. Vaza, se derrama.

Escreve histórias também, de lugares distantes que nem
sei aonde ficam. Alguns, só existem na imaginação dele. Outros, estão gravados no seu coração.

Muitas dessas criaturas, ele desenterrou do Belo Monte,
primeiro nome que a cidade de Canudos recebeu.
Sob essa inspiração, escreveu um livro que leio sempre emocionada.
 Estamos quase sempre na mesma sintonia!  Ele compreende tudo que não escrevo. Lê as minhas entrelinhas.
Amigos são pedras preciosas que a alma garimpa.  Por essa razão,  tão necessários são!


         Invenções  (De Marcos Quinan)


 "O que não te posso dar   
Em todas as horas de viver
Dou-te assim, no pensamento

O corpo de outras mulheres
Ainda me lembro, era o teu
A voz de todas elas

Eu sei que era a tua
O olhar, se as amei
Só poderia ser o teu


A ti pertence o pensamento
Deslembrando o tempo
E as vezes que morri

Antes de te reconhecer


Mando as horas pra frente
E te dou vivido, o que sou
E o que finjo e finjo tão bem

Que sou a mentira me crendo real
Em todas as horas de viver


Dos momentos antes de te conhecer
Até os instantes, os últimos que vou ter

Também te invento inteira
No meu pensamento
E te imagino minha e verdadeira
Para jamais esquecer
"

MQ


Marcos Quinan - Abaribó -
http://abaribo.blogspot.com/


Nas entrelinhas

Foto da web s/ autor
Para um amigo que escreve e sente
e ama
e pinta  Íris azuis...

Entre as palavras que escrevo
há intervalos de suspiros
há segredos e soluços
que a alma guarda
ou inventa.
E há abismos de solidão
nas entrelinhas.