As conchas dormem
na claridade das águas
trespassadas pelo sol
Numa dormência infinita
guardam suspiros de mim
no fundo delas
Na areia do meu palco
quase arena
também durmo e respiro
meu último sonhar
Ainda há um fio de sono
que me sobra
O que virá
é sempre um mistério
Vaga que guarda na dobra
quem sabe um despertar
sábado, 19 de junho de 2010
terça-feira, 8 de junho de 2010
"Há folhas no meu coração"
Somos nós que andamos ou é o tempo que caminha embaixo de nossos pés. Não sei. Ele nos põe no corpo o pó das horas consumidas. Sem dó. Caminhamos juntos, talvez. Mas não estreitamos nossos laços. O tempo não faz amigos. Ele paira por aí eternamente e rouba tudo de nós. Nos olha com desdém e ri da nossa pequena vida atrapalhada. Sabe que vamos embora, desaparecer, e deixar um imenso vazio de arrependimentos para trás. Coisas que ficaram inacabadas. Horas mal vividas. Dias desperdiçados. Anos mastigados vagamente, sem vontade.
Tudo já começa a me doer. Morro antes de morrer. De lenta morte prematura.
E seguimos assim, na vida. Vamos caminhando sem sentido, insanos nesse precário destino. Ele - o tempo - num total desprezo pelo nosso entardecer. E nós, tentando segurá-lo no vão de cada manhã.
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