segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Lembrança de luas e ventos


Vivo o instante
sempre
E preciso
nas sobras das horas
me embebedar de emoção

Porque tudo foge depressa
acaba

E na mão
os restos escorrem
e se perdem no chão duro e seco
da realidade

Nada retenho

Mas vislumbro ainda
por sobre o muro da  solidão interior
que alguma coisa fica

Pequenos e frágeis fragmentos
que inundam de luz o porão escuro 
das recordações

A doçura de um olhar que iluminou
por um momento a minha vida
e a delicadeza de um gesto de ternura imensa

Lembranças simples e belas
como a suavidade de uma folha que lentamente
caiu num final de tarde

Como o  cheiro da terra encharcada de chuva
numa manhã de dezembro
e um tempo fugaz em que eu acreditava nas certezas
porque o antigo fervor não volta

E sobretudo
a pedra preciosa de palavras amigas

Coisas que guardo como o único tesouro que colhi 
nesta viagem à procura de coisa alguma.